SEJAM BEM VINDOS, HOJE É

CINECLUBISMO

O Cineclube surgiu nos anos 20 do século XX na França. No Brasil ele surge em 1929 com o Cineclube ChaplinClub no Rio de Janeiro e trata-se de uma associação sem fins lucrativos que tem como objetivo estimula os seus membros a ver, discutir e refletir sobre o cinema.
O dicionário define cineclube como uma "associação que reúne apreciadores de cinema para fins de estudo e debates e para exibição de filmes selecionados", mas a imprensa e o senso comum refere-se ao cineclubismo como uma atividade de mero lazer cultural, para os amante do cinema. Ou como um sinônimo de sofisticação do consumidor, uma espécie de grife que adorna desde sessões especiais na televisão até salas "diferenciadas" que exibem os filmes com expectativa de público menor. Misturando um pouco de cada, também chamam de cineclube às beneméritas iniciativas de organizações culturais, educacionais, patronais e paternais voltadas ao atendimento de variadas comunidades. É claro que todas essas atividades têm seu lugar, sua necessidade, seu público dentro da sociedade. Nada contra. Mas cineclube é outra coisa.
Os cineclubes têm uma história própria, que liga a evolução do seu trabalho às diferentes situações nacionais, culturais e políticas em que se desenvolveram. Há vários tipos de cineclubes, alguns predominam em determinados países, em certas conjunturas. Em situações diferentes suas formas de organização e atuação também variam, eles surgiram nitidamente em resposta a necessidades que o cinema comercial não atendia, num momento histórico preciso. Assumiram diferentes práticas conforme o desenvolvimento das sociedades em que se instalaram. Mas assumiram uma forma de organização institucional única que os distingue de qualquer outra.
Existem três características, quando juntas, são exclusivas dos cineclubes, os distinguem de qualquer outra atividade com cinema e, ao mesmo tempo, abrangem uma ampla gama de formas e ações que os cineclubes desenvolveram nos mais diferentes contextos. Duas delas são muito simples e claras, só se encontram, juntas, num cineclube, e não existe cineclube onde essas características não estiverem presentes. A terceira, menos objetiva, deriva das duas primeiras e pode variar bastante de entidade para entidade, conforme a orientação predominante, mas é o que imprime direção à base organizacional definida pelas outras duas "regras" e o que dá conteúdo e objetivo, atualidade e personalidade ao trabalho do cineclube. São elas
- O cineclube não tem fins lucrativos.
- O cineclube tem uma estrutura democrática.
- O cineclube tem um compromisso cultural ou ético.
Essas três "leis" do cineclube excluem todas as outras formas de atividade com cinema que o senso comum e a ausência de reflexão identificam como cineclubes. E permitem, simultaneamente, que identifiquemos uma mesma longa e coerente herança histórica entre instituições que assumiram as mais diversas formas de organização e de atuação, mas que são cineclubes.
Os cineclubes foram responsáveis pela formação cinematográfica de grandes cineastas, entre os quais se podem destacar Glauber Rocha,Cacá Diegues, Jean-Luc Godard e Wim Wenders
Um dos primeiros cineclubes em Portugal foi o Cineclube do Porto. No Brasil o Movimento Cineclubista experimenta um processo de intensa rearticulação resultando na reorganização do CNC - Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros, entidade cultural sem fins lucrativos, filiada à FICC - Federação Internacional de Cineclubes